Gerenciando a Cultura Organizacional através de Heróis, Rituais e Metas

Gerenciando a Cultura Organizacional através de Heróis, Rituais e Metas

Cultura Organizacional

O comportamento social de uma organização é chamado de Cultura Organizacional, ela é composta por todas as práticas, valores e crenças da Organização. É um objeto de estudo da administração, pois representa um desafio de gestão.

A Cultura Organizacional possui partes visíveis e invisíveis. A parte visível é chamada de Artefatos e contém documentos como: Planejamento Estratégico, Sistema da Qualidade (Políticas, processos e procedimentos), Organogramas, Descrições de cargo etc. Ela é visível porque é concretizada através de elementos físicos, como os documentos citados.

Cultura Organizacional

A primeira das partes invisíveis contém os Valores Compartilhados, são as coisas  consideradas importantes pela organização, como: agilidade, excelência, foco no cliente, cumprimento de prazos etc. Não são os valores descritos no planejamento estratégico, mas aqueles que são realmente vividos no dia-a-dia.

As pressuposições básicas são as crenças que as pessoas desenvolvem, o que as move para agir conforme os valores compartilhados, o amor que se constrói pela organização, sentimentos e percepções que nos identificam com esta ou aquela empresa.

No post de hoje, dissertarei sobre heróis, rituais e metas, que são elementos que podem nos auxiliar a direcionar melhor a cultura organizacional.

Heróis, rituais e metas

Embora a geração atual (Geração Y) seja muito propensa à adoção de ambientes informais, não basta encher as salas de games, sofás coloridos e post-its para obter resultados. Também não é suficiente definir metas e proferir sonoros gritos de guerra para incentivar a equipe, é preciso planejamento cultural e sistematização.

Heróis

No post Arquétipos do líder, comentei sobre as 4 figuras básicas com as quais um líder pode se identificar e através das quais é avaliado pela equipe, segundo o efeito Halo – que prega que temos a tendência de avaliar as pessoas por algumas poucas características. O mesmo princípio também pode ser utilizado sobre os líderes informais, que são os membros da equipe que possuem maior influência sobre o grupo. A figura do Herói representa a personificação dos critérios meritocráticos (valores compartilhados) da organização, pois associa ao comportamento de uma pessoa onde a empresa espera chegar.

Herois, rituais e metas

herói é um membro da equipe que se deseja destacar por ter (ou estar cumprindo) os valores compartilhados da Organização. Este indivíduo, “bem visto” pela gerência, representa um modelo a ser seguido pelos demais e com isso, a difusão do comportamento considerado ideal se torna mais eficiente. Por exemplo, o João é um bom vendedor e além de conseguir novos clientes, frequentemente constrói relacionamentos que geram a recorrência das vendas para os clientes atuais. Ele é considerado um exemplo de comportamento pela gestão, logo, é um herói.

Metas

Espera-se que o herói tenha inimigos para lutar. Os inimigos são as metas estabelecidas, que representam, além das possibilidades de ganhos, uma ameaça ao status quo. Em outras palavras, as metas deixam de ser apenas números publicados nas paredes e se tornam inimigos que potencialmente subtrairão a percepção de equidade daqueles que não as cumprirem. Por exemplo, se as vendas não aumentarem 5% no mês de dezembro, é muito provável que, em janeiro, parte do quadro de funcionários seja demitida.

Pode parecer uma perspectiva maldosa, mas observe que segundo a Pirâmide de hierarquia necessidades de Maslow, buscamos a satisfação de nossas necessidades de forma crescente. Se a condição atual da equipe for de autorrealização, certamente seus membros não tolerarão qualquer impacto ao seu ego, rebaixando-os ao nível de reconhecimento. Da mesma forma que “arranhões” ao ego impactam essas pessoas, àqueles que buscam o reconhecimento seria desagradável perceber que já não fazem parte da normalidade do grupo, por estarem, apenas eles, abaixo das metas. O conceito se propaga também aos que anseiam por participar do grupo (necessidade social) e não gostariam de, repentinamente, precisar se preocupar se mês que vem receberão salário (necessidade de segurança).

Também no experimento de Solomon Asch, em 1953, percebeu-se que a única forma de unir grupos divergentes é, não apenas o estabelecimento de metas conjuntas, mas a supressão de uma necessidade básica (neste caso, o abastecimento de água), logo um inimigo em comum, não personificado, mas abstrato. Ainda na história recente, nota-se o estabelecimento de alianças para suplantar um inimigo como, como os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Em contraponto, note que são raras as pessoas que se unem para construir um mundo melhor, através de trabalhos voluntários e de caridade.

Rituais

É através dos rituais que se condiciona uma equipe a cumprir as metas e a se comportar conforme os valores compartilhados, preferencialmente através do exemplo do herói. Os rituais são rotinas que levam a equipe a interagir sistematicamente, por exemplo: Relatórios de Status, reuniões de acompanhamento, convenções e comemorações etc.

O ritual de premiação dos heróis tem um efeito impactante sobre os demais membros da equipe que, além de adquirirem um exemplo para se espelhar, se sentirão pressionados a agir da mesma forma. Esta é uma forma de influenciar a construção dos Pressupostos Básicos, ao invés de deixar que a equipe simplesmente tente perceber quais são os Valores e se há divergência entre o que está escrito e o que é praticado.

Círculo de Influência

Um líder de equipe, seja qual for seu nível hierárquico tem plena capacidade de influenciar o comportamento do grupo, basta conhecer os mecanismos que compõem a Cultura Organizacional, nos níveis visíveis e invisíveis. A partir daí é preciso apenas aplicar técnicas de persuasão para construir a identidade de grupo, fazendo com que todos se comportem segundo as metas e regras estabelecidas, que por sua vez, devem estar intimamente relacionadas ao Planejamento Estratégico.

Com isso, se tem um “círculo de influência” continuada, que permitirá a percepção da Cultura e o direcionamento dos Valores, utilizando-se dos elementos citados neste post.

Espero ter ajudado!

Eli Rodrigues

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Publicado por: Eli Rodrigues

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