A estratégia empresarial no dia-a-dia

A estratégia empresarial no dia-a-dia

O que é Estratégia?

Não entendo até hoje porque as pessoas mistificam tanto o tema Estratégia, para mim é muito simples. Estratégia é o exercício de definir um caminho para chegar a um objetivo, seja qual for o âmbito da vida.

Para definir um caminho é preciso olhar para fora: Quais são as fontes de recursos? Quem está jogando no tabuleiro e o que têm feito? Que ações parecem mais efetivas? É preciso também olhar para dentro: Quais são os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças?

Não existem respostas certas e é exatamente isso que torna o trabalho estratégico tão interessante, a volatilidade.

Uma estratégia, por si só, não leva a lugar algum. É preciso agir e é no momento da ação que precisamos de executores, ou executivos como se costuma chamar. Essas pessoas levarão a estratégia à frente, tratando o “como fazer” como a missão de suas vidas, dado um objetivo.

Um estratego é aquele que observa o cenário completo, a “Big Picture” e que define as ações estratégicas, baseado em suas análises. No mundo das empresas deve-se conhecer muito do comportamento humano, pois essa é a força motriz de qualquer negócio. Atrair a atenção das pessoas, surpreendê-las, conquistar sua confiança, isso é o que fará a diferença na execução de qualquer estratégia.

É o padeiro que, ao invés de apenas fabricar pães, vendeu um contrato ao exército e ficou milionário. É a pessoa que gastou seu salário comprando imóveis e teve uma aposentadoria tranquila. É o latifundiário que enviou seu filho para estudar na cidade, contando que este ajudaria seus irmãos a progredirem. É a mãe que educou o filho sobre o mundo, esperando que ele saiba como agir frente às frustrações da vida. É o marido que entendeu as necessidades de sua esposa e a fez feliz. Estratégia é isso, definir caminhos, apostar neles, reagir às mudanças e prevalecer ou fracassar, ciente de que o mais importante é fazer alguma coisa, jogar, tentar, subir a montanha, ou seja lá o nome que se prefira dar.

A execução de uma estratégia requer dedicação. Dias e noites investidos, muitas horas de trabalho e, as vezes, abdicação do convívio familiar. Por isso, é preciso paixão no que se faz e amor para superar os erros, reajustar-se e prosseguir. Estratégia não é para quem permanece fincado ao solo.

Aos que temem o fracasso sobra a tutela auto-imposta de Kant, dando aos outros o direito de tomar decisões de suas vidas. Minha visão de estratégia é, portanto, muito simples: dado um desejo, definir como alcançá-lo.

A estrutura de uma empresa

A grande maioria das empresas busca o lucro, o ouro encrostado nas minas profundas no solo. Nos dias de hoje, no entanto, este ouro está disponível a todos que sejam capazes de estabelecer um meio para obtê-lo. Ao contrário do que se pensa, não é preciso dinheiro para fazer dinheiro, há mil e uma formas de achar seu lugar ao sol. Da mesma forma que montar um negócio, por menor que seja, não garantirá resultados positivos.

A estrutura de uma empresa é composta por 3 processos principais:

  • Busca de clientes (Marketing e Comercial) – Atrair a atenção das pessoas ao que é produzido pelo negócio;
  • Produção (Engenharia e Operações) – Desenvolver produtos e construí-los, através de linhas de produção, gestão de projetos e serviços;
  • Entrega (Logística) – Desenvolver meios para entregar o produto ao cliente, de modo coerente com as “promessas” de marketing, no tempo certo, na embalagem certa e a um custo coerente com o mercado.

A estratégia deve, portanto, permear essas três áreas de forma coesa. As prioridades, mais conhecidas como Objetivos Estratégicos, devem ser desdobradas nessas áreas também. Para isso, nada mais útil que o ferramental de um projeto (Veja os guias de como planejar e como monitorar um projeto, aqui no site).

O Marketing constrói a marca, escolhe o melhor local para instalação da empresa (praça), calcula o preço, define os produtos interessantes para o público-alvo e a estratégia de propaganda. A engenharia estrutura os produtos e a operação, os produz. A logística, embora possa parecer que só existe em empresas que entregam produtos, está em toda parte! Ela organiza os insumos para a produção para que a distribuição dos produtos ou serviços ocorra no tempo, local e preços certos. Só então o comercial começa a vender produtos, através de uma infinidade de estratégias possíveis.

 

A visão estratégica em todas as áreas da empresa

Percebe o quanto isso tudo está ligado à estratégia da empresa? Se um empresário busca melhores preços, investirá na engenharia e na logística, para montar os produtos da forma mais rápida e para entrega-los da forma menos custosa. Se busca criar produtos de alto valor agregado (ou simplesmente caros) deve investir pesado na marca, através da propaganda, e na entrega dos produtos ou serviços (logística).  Assim por diante, toda a estrutura empresarial deve ser baseada na estratégia.

Ocorre que, muitas vezes, as empresas se perdem no dia-a-dia e esquecem da visão estratégica. Basta um cliente reclamando para que o foco de todos se direcione. Ora, não estamos jogando “futebol de várzea”, estamos? Precisamos criar unidades de negócio independentes, capazes de manter a visão e ainda assim prestar os serviços. Sem isso, a estratégia nunca ocorrerá.

Vejo muitas empresas fazendo reuniões de acompanhamento estratégico, mas será que isso é suficiente? A estratégia deve permear o dia-a-dia das pessoas, as decisões mais corriqueiras, os contratos que serão assinados e os clientes que manterão na carteira. Acompanhar a operação diária focando no global é o grande segredo, para isso o foco deve estar na tríade mais básica de qualquer Organização: pessoas, processos e ferramentas.

Se as pessoas “comprarem” a visão, serão capazes de tomar decisões diárias que contribuam com a realização da estratégia. Mas só conseguirão se os processos puderem guiá-las, caso contrário, se perderão em conflitos. Por isso a teoria da gestão de conflitos está, essencialmente, embasada na na definição de papéis e responsabilidades. As ferramentas darão o suporte final para aumentar a agilidade, afinal, não se faz pães sem massa, rolo e forno.

A gestão estratégica é, portanto, um trabalho de integração e por isso o gestor estratégico é tão importante para um negócio. Sem esse papel, a empresa se torna apenas mais uma máquina de realizar atividades, com crescimento desordenado e, com isso, se torna um alvo fácil aos concorrentes mais estruturados.

 

Eli Rodrigues

Publicado por: Eli Rodrigues