Qual a melhor estratégia para minha empresa? Analogias da natureza

Qual a melhor estratégia para minha empresa? Analogias da natureza

Sem muita opção na TV, navegando no Netflix com a sensação de que o fim de semana estava perdido, encontrei uma pérola de conhecimento. Com o título pouco convidativo, o programa “How Nature works” (Em português: Como a Natureza funciona) me permitiu encontrar uma série de analogias entre a Natureza e o Mercado.

Na verdade, o programa fala das relações entre animais e plantas, mais conhecido como “equilibro ambiental”, o resto é um relato dos meus insights sobre estratégias empresais.

Leão e Gazela

A gazela come capim, assim como vários dos animais herbívoros da savana Africana, isso todo mundo sabe! O que você talvez não tenha pensado a respeito é porque esses bichos não param de andar de um lugar para o outro.Você pode dizer que o capim acabou ou que estão sempre fugindo dos predadores, seriam respostas bem óbvias, mas a verdade oculta é que o capim tem um “ponto certo” para suprir as necessidades (e o paladar) desses animais.

Segundo o programa, o capim tem poucos nutrientes, sobretudo quando está alto demais, e obriga os animais a regurgitarem e a migrarem constantemente em busca de melhores pastos.

O leão, por sua vez, é um carnívoro de grande porte e obtém sua energia devorando outros animais. Ele é forte, pesado e consegue correr o suficiente para capturar suas presas. Como sua alimentação depende da caça, nem todo dia ele vai conseguir comida e, por isso, seu corpo retém gordura suficiente para alguns dias sem se alimentar.

Rinoceronte

O rinoceronte usa um estratégia um pouco diferente, ele se alimenta exatamente do capim alto e menos nutritivo. Para compensar, ele come uma quantidade absurda todos os dias, o que lhe proporciona um porte físico avantajado.

Ele se utiliza de um recurso que poucos animais se interessam, ainda que pra isso tenha que se alimentar em excesso e ainda ganha a vantagem de passar o tempo que quiser comendo, pois nenhum outro animal terá coragem de atacá-lo.

Borboletas venenosas

As borboletas são lagartas que nasceram de pequenos ovos depositados nas folhas das árvores, tudo muito meigo! O problema é que essas lagartas “detonam” a árvore completamente. Por isso, algumas desenvolveram um mecanismo de defesa, se tornaram árvores venenosas.

Como as borboletas são teimosas, algumas acabaram se adaptando para ingerir o veneno e, como se não bastasse tudo, adquiriram a habilidade de afastar os predadores, pois ficam venenosas para sempre. Imagino o desespero das árvores com tanta insistência!

Bem, as árvores tiveram que encontram meios de transferir suas sementes para bem longe, protegendo a espécie do “arrastão”. Com a distância, as borboletas de uma árvore não encontram a próxima e assim, a espécie sobrevive.

Se fossem plantadas por seres humanos seriam facilmente infestadas e destruídas, mas a natureza, como sempre, é perfeita. É uma lição de adaptação!

Capivara e a Castanheira

A castanheira tem um modo peculiar de se proliferar, ela possui um recipiente (ouriço) muito duro para proteger seus frutos, ricos em proteínas, e isso impede que a maioria dos animais possa comê-los. Acontece que a capivara tem dentes fortes e adora castanhas, sendo um dos poucos animais que consegue quebrar o ouriço, tem um papel fundamental no equilibro ambiental.

Assim como os cães, a capivara come parte da comida e enterra o resto. Mas, o engraçado é que outras capivaras roubam o “lanchinho” enterrado, comem um pouco e enterram novamente num lugar mais distante. Pois é exatamente assim que a castanheira se multiplica em vários pontos da floresta.

Que lições de marketing podemos tirar dessa analogia?

A primeira lição é que no mercado as habilidades que realmente importam são as diferenciais. Se você possuir uma qualidade que todos têm, não terá um diferencial. Falei sobre isso no post “Como fazer uma análise SWOT“, publicado aqui no blog.

Vejamos mais detalhes sobre cada estratégia:

1. Leão e a gazela – A gazela é uma empresa que desenvolve produtos (ou faz vendas) de alto valor agregado e que exerce uma estratégia de preços altos. A receita de única venda lhe permite um fôlego,  pois sua lucratividade é alta. Em contrapartida, deve buscar novos clientes constantemente, dispostos a pagar pelos serviços diferenciados.

Já o Leão é como uma empresa que faz negócios B2B (Business to business). Seja porque seu produto é matéria-prima de outro ou porque usa outras empresas como distribuidores, franquias ou representantes comerciais, ela “se alimenta” do esforço de outras empresas.

2. Rinoceronte – É uma empresa que tem sua estratégia baseada no preço, pois trabalha com commodities, consequentemente precisa de volume para sobreviver.

Não conhece nenhuma? Pense numa empresa que produz sacolas plásticas, por exemplo. Ela produz a máxima quantidade possível e seu produto “não tem grande valor” na perspectiva do cliente final, que o utiliza apenas para transportar coisas. Embora o cenário não seja muito glamouroso, elas sobrevivem e estão muito bem, obrigado.

3. Borboletas venenosas – Fazem o que ninguém é capaz de fazer (comer coisas venenosas) e praticamente não encontram concorrentes. É a estratégia do “oceano azul”, dominar um mercado e não ter ninguém para competir. Mas como conseguir isso? (Se você descobrir, me avise, por favor!)

Já as empresas-árvores usam a estratégia de diversificação geográfica como forma de garantir seu faturamento. Constrói filiais em locais diversos, em toda parte, ocupando os espaços disponíveis no mercado.

Não viu analogia? Bem, a borboleta é como a Apple, tem pouquíssimos concorrentes à altura, e a árvore é como a Coca-cola, usa a expansão geográfica como diferencial, chegando onde o concorrente não quer ir.

4. Capivara e a Castanheira – É como a empresa franqueada, que encontra parceiros comerciais para venderem seus produtos em diferentes cidades, sem necessariamente obterem custo adicional.

Quer um exemplo? A Totvs é uma empresa de tecnologia que está em todo Brasil usando o esquema de franquias. Ela cobra taxas de entrada, implementa regras, acompanha os serviços, mas o custo é essencialmente do franqueado. Ele, ainda por cima, tem que consumir os produtos/serviços da matriz. Diga lá se não é parecido com a dobradinha “castanheira e capivara”?

Legal. E o que eu faço com isso?

Analise, analise e analise. Será que sua estratégia empresarial está adequada ao cenário atual?

Vejo muita gente copiando estratégias, mas esquecendo que o que funciona em São Paulo não funciona no Rio de Janeiro. O mercado é diferente, a cultura é distinta, o dinheiro que circula tem prioridades específicas para cada lugar. Copiar é “pecado” no mundo das estratégias!

A reflexão que quero trazer é de que você deve avaliar o negócio não apenas “por dentro”, olhando o que você pode oferecer, mas observando o que os concorrentes estão fazendo e, principalmente, o que o público está consumindo.

Não tenha preferências por uma estratégia ou outra, não se apegue ao que é glamouroso ou ao modelo de negócio de outra empresa. Estratégia é análise de cenários e tendências e, por isso, deve estar em constante adaptação. É isso que faz a diferença.

 

Espero ter ajudado!

Eli Rodrigues

Publicado por: Eli Rodrigues

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