Quanto vale a pena se esforçar por um emprego?

Quanto vale a pena se esforçar por um emprego?

Se existe algo que sempre prezei na vida é o trabalho. Se encarado filosoficamente, o trabalho serve como plataforma para a realização de muitas necessidades humanas, desde as mais básicas como comer, morar e vestir até as mais sofisticadas, como crescimento, reconhecimento, e autorrealização.

No entanto, como tudo  na vida, o trabalho não traz apenas realizações positivas, traz também coisas bem negativas às vezes. Tipicamente, gastamos horas demais no trabalho (sem falar nas horas-extras), nos desgastamos emocionalmente com relações difíceis e por vezes chegamos à estafa mental, por ter que “engolir sapos” diariamente.

E daí surge a pergunta: Até que ponto compensa se desgastar (e se estressar) por causa de um emprego?

O que é uma empresa?

Uma empresa é um contrato social firmado entre um grupo de pessoas na Junta Comercial da cidade. É um “processo” de prestação de serviços, seja indústria, comércio ou serviço propriamente dito. Os móveis, imóveis, equipamentos e funcionários são “partes” do funcionamento do negócio, mas na prática, uma empresa não é nada senão um pedaço de papel. Sim, apenas isso!

Esse contrato pode ter um, alguns ou muitos donos, mas sempre é propriedade de alguém. Normalmente tem fins lucrativos, ou seja, serve para alguém “ganhar dinheiro” (em cima do esforço de terceiros),  mas também pode ser uma empresa sem fins lucrativos, que tem outra missão, como ajudar outras pessoas, a natureza ou qualquer outra causa.

Dito isto, uma empresa pode ser constituída por qualquer pessoa que descubra uma oportunidade de negócio e tenha habilidade, capital e legalidade para explorá-la.

Seres humanos nas empresas

Nós, como seres humanos que somos, costumamos misturar as relações de trabalho com as pessoais.

Como convivemos diariamente com os colegas (chefes, subordinados, fornecedores, clientes), por alguma razão que desconheço começamos a nos importar (um pouco demais) com a aceitação deles. E essa necessidade de pertencimento ao grupo nos faz, muitas vezes, adotar comportamentos que vão contra nossos princípios, que são até prejudiciais para nossa saúde, mas que fazemos para agradar ao grupo. São horas-extras, trabalhos no fim de semana, postergação de férias, envolvimento em conflitos alheios etc.

Essa necessidade de estar “conforme” os demais (conformidade social) é a mais sublime forma de descobrir se estamos loucos ou sãos. Afinal, o conceito de loucura depende do que a maioria fizer ou acreditar. Tem gente que acredita nos mitos mais estranhos e todo mundo acha normal.

Como se não bastasse essa “carência” tão grande que temos naturalmente, acreditamos piamente que as relações estabelecidas vão durar para sempre. Você pode duvidar, mas pense se não tomou um baita susto quando o colega da mesa ao lado foi demitido? E como se sentiu quando você foi o alvo da demissão? Mesmo que o motivo tenha sido completamente alheio ao seu controle, você provavelmente se sentiu rejeitado, injustiçado etc.

Pois é, as relações de trabalho não são eternas e (com boas exceções) os colegas de trabalho não são, necessariamente, nossos amigos. Se pensarmos assim, embora possa parecer “bruto demais”, conseguiremos responder a pergunta-chave do texto.

Quanto vale a pena se esforçar por uma empresa?

Bem, se uma empresa é uma “folha de papel” e seu chefe nem vai hesitar na hora de te demitir, faça seu trabalho e vá viver sua vida fora dela. A relação com a empresa deve ser saudável e mutuamente benéfica.

Você não será um mau caráter se for para casa no fim do expediente, nem se negar o convite de ir tomar chopp com os colegas na sexta, muito menos se decidir que não vai fazer nada além da função para qual foi contratado (bem à la Bartleby). Mas você será muito mal julgado quando fizer menos que o combinado, como chegar atrasado, abrir exceções demais na rotina da empresa ou tratar mal as pessoas.

Lembre-se que a empresa (e a vida) não é uma fábrica de sonhos, ninguém sai de casa todo dia em direção à empresa para te agradar. Logo, nem tudo será como você gostaria, nunca. Da mesma forma, seus colegas de trabalho não têm obrigação nenhuma de “entender” seus problemas ou aceitar seus maus comportamentos.

Se a empresa exigir demais de você, longas horas-extras, pressão excessiva, insegurança, ameaças, assédio moral etc, é ela que não está fazendo sua parte. Não é você que tem que se adaptar a uma vida de tensões e em médio prazo, isso fará muito mal à sua saúde.

Com isso, quero dizer que a balança deve estar equilibrada. A empresa te oferece um salário, status, crescimento, estabilidade e você, em contrapartida, oferece suas competências, seu tempo, sua dedicação etc. Se essa balança desequilibrar, não se desmotive, comece a procurar outro emprego, uma hora ou outra vai acabar encontrando.

 

Eli Rodrigues

Publicado por: Eli Rodrigues

There are 3 comments for this article
  1. Ana Carolina at 10:00

    Bom, primeiramente gostaria de parabenizar pelo blog! Conteúdo bom e sucinto. Venho acompanhando há um tempo e esse post me chamou a atenção, pois o texto é escrito de uma forma que tudo fique muito claro para o leitor e seja possível compreender a ideia principal. Me chamou a atenção também pois certa vez “a balança desequilibrou”, e como você disse, procurei até encontrar um outro emprego. Enfim, gostaria de parabenizá-lo mais uma vez, pois é muito difícil encontrar conteúdo sobre gerenciamento que seja tão completo e de fácil entendimento, como você fornece através do blog. Abraços!

  2. Leandro Cavalcante Gomes at 09:36

    Rapaz. To aprendendo muito com seu Blog. Posso dizer que esse aqui é um dos blogs que podemos usar de referência para consulta! Parabéns e sucesso.